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Vinicius de Moraes - a última entrevista

Vinicius de Moraes (1977) - 
foto: Chico Nelson
Quando o jornalista Narceu de Almeida Filho bateu este longo papo com Vinícius de Moraes, em sua casa, bem situada numa tranquila rua da Gávea, no Rio de Janeiro, não poderia imaginar que, no momento da edição da entrevista, o Poetinha já não existisse mais. Vinícius estava todo animado, layout novo, de cabelos cortados, barba raspada, vestido elegantemente e sem o seu famoso boné que o acompanhou durante muitos anos. Havia emagrecido vários quilos e abandonado temporariamente as excursões musicais para dedicar-se, novamente, à poesia. Poeta do amor, Vinícius estava ainda em lua-de-mel com sua mulher, Gilda, a quem conheceu na Europa, onde ela estudava. Entre pilhas de livros, discos, um violão, dois conjuntos de som e objetos de arte, ele falava de seu objetivo maior no momento — “fazer feliz essa moça” — e olhava, apaixonadamente, para a mulher sentada ao seu lado.

O poeta e compositor morreu alguns meses depois de ter concedido a entrevista ao jornalista Narceu de Almeida Filho, em 1979. 


Vinícius, você andou meio desaparecido, ultimamente, viajando muito. Como você está agora?

Eu estou bem, de um modo geral. Tenho uns problemas de dieta, para regularizar o metabolismo do meu açúcar, que é um pouco alto. Agora vou tirar umas férias e passar um mês em Punta del Este, dar uma descansada e terminar meus livros de poesia, que estão parados há quatro anos por causa desse negócio de shows. Foram quatro anos de pauleira o tempo todo, muita viagem, principalmente no Brasil e na Argentina, mas também na Europa. No ano retrasado estivemos na Itália e de novo no Olympia, em Paris. Agora fizemos mais ou menos o mesmo roteiro e incluímos Londres, onde eu não havia trabalhado ainda. Para mim foi uma surpresa muito boa, porque o show teve bastante sucesso. Do ponto de vista profissional, o ano foi ótimo, ainda que tenha me deixado um pouco de língua de fora… Mas tudo bem.

E agora você entra em férias para trabalhar?

É, férias para ver se escrevo um pouco. Esses livros estão realmente muito atrasados.

Quais os livros?

São dois livros. Um deles é o que venho escrevendo sobre o Rio de Janeiro. Há uns 25 anos que trabalho nesse livro. O outro são os poemas escritos de 1960 para cá, porque nesse tempo todo eu não publiquei nada de poesia, a não ser algumas edições especiais que fiz na Bahia, na editora do Calazans Neto. Uma delas é a “História Natural de Pablo Neruda”, que fiz quando ele morreu. Agora vou reunir esses poemas escritos a partir de 1960 e completar o livro, que tem um título meio contabilístico — “O Dever e o Haver”. É uma prestação geral de contas, do que foi feito, do que deixou de ser feito.

Esses dois livros que você vai publicar serão, em termos de poesia, a sua palavra final?

Eu considero esses dois livros uma espécie de limpeza geral da casa, sabe. Depois disso, se ainda tiver alguma coisa a dizer, terá de ser uma coisa realmente nova. Do contrário, eu paro de escrever. Para mim não é mais fundamental escrever. O que foi dito foi dito, e é, digamos, o meu recado de poeta. Não sei se terei algo de importante a dizer. E, se não tiver, prefiro não dizer. Escrever por escrever, simplesmente, é uma coisa que não farei em hipótese alguma.

Você tem algum método de trabalho permanente, periódico, ou escreve somente quando baixa a inspiração?

É, eu escrevo somente quando a coisa vem. Teve uma época da mocidade, até aí pelos 30 anos, em que eu escrevia muito, tinha necessidade, aquela compulsão de pegar o papel e sentar para escrever. Até os 40 anos foi mais ou menos assim. Depois começou a escassear, a rarear. E veio o período de música popular, que foi muito importante para mim.

Você ficou famoso como poeta muito cedo, antes dos 20 a­nos, não foi?

Muito cedo. Meu primeiro livro, “O Caminho Para a Distância”, teve uma ótima crítica. Eu tinha 19 anos quando o publiquei. Com 22 anos ganhei o Prêmio Nacional de Poesia — chamava-se Felipe de Oliveira e premiava todas as artes literárias. Ganhei uma disputa com o Jorge Amado, e por um focinho apenas de frente.

O fato de ter ficado famoso muito cedo foi bom ou ruim para você?

Para mim não foi muito legal, não, sabe. Me deu uma certa soberba, eu achava que era um poeta genial, essas coisas. Mas depois, uns dois ou três críticos me puseram no meu lugar, direitinho. Um deles foi o João Ribeiro, com relação a esse primeiro livro. Ele fez uma crítica muito boa, mas também muito severa, como quem diz: “Olha, menino, trabalhe mais com o verso livre, os seus sonetos não são muito bons”. Outro foi o Manuel Bandeira, que fez uma crítica bastante severa. Finalmente, quando ganhei o Felipe de Oliveira, o Otávio Tarquínio de Sousa escreveu também um rodapé muito bom, me colocando em minha devida posição. O Mário de Andrade, igualmente, me deu umas podadas muito bem dadas. Isso tudo me ajudou muito.

Na época você recebeu bem essas críticas?

Não recebi muito bem, não. Recebi mal, sabe. Porque, além do mais, havia todo o grupo do Otávio de Farias que me incensava. Para eles, era assim como se eu fosse o poeta que todo mundo esperava. Era o grupo da faculdade de Direito. Essas coisas me subiram um pouco à cabeça. Mas com aquelas críticas, a própria vida, a experiência com o conhecimento maior dessas pessoas, aí eu comecei a me situar. Processou-se também uma evolução política muito grande. Eu tinha sido formado para ser um intelectual de direita. Mas em 1942 aconteceu uma coisa muito importante em minha vida, que foi a vinda ao Brasil do escritor americano Waldo Frank. O José Olympio ofereceu um coquetel a ele e todos os escritores compareceram. Começamos a conversar e, lá pelas tantas, ele me confessou que achava coquetel de intelectuais uma coisa chatíssima e perguntou se não podíamos sair por aí. Saímos, era dia de São Jorge e eu levei o Waldo para ver as putas do Mangue. Havia um delírio lá, ele ficou impressionadíssimo. Aliás, a origem da minha “Balada do Mangue” foi esse dia. Depois eu o levei à favela do Pinto, aquela que havia no Leblon. Hoje eu não faria mais uma coisa dessas, não há condições. Mas foi tudo bem, ficamos lá numa tendinha, pagamos umas cervejas para os crioulos e eles tocaram para nós. Ele achou tudo ótimo, queria mesmo era ver esses ambientes e fugir das cerimônias oficiais. Daqui ele foi para a Argentina, acabou se envolvendo em política lá — era um socialista, mas com uma grande dose de filosofia hindu, bastante maluco. Era um judeu, muito amigo do Hemingway e do Chaplin. Na Argentina, um grupo de fascistas aplicou-lhe uma tremenda surra e ele ficou três meses no hospital. Depois, voltou ao Brasil e pediu ao Oswaldo Aranha, o chanceler da época, que eu fosse indicado para acompanhá-lo na viagem que faria pelo interior do país. Eu ainda não era do Itamaraty, mas o Aranha sabia que eu ia fazer o concurso para ingressar na carreira diplomática e me designou para ciceronear o Waldo. Para mim, a viagem foi maravilhosa, escutei histórias fantásticas dele, inclusive a de quando foi martirizado pela Ku Klux Klan. Foi a primeira vez que andei armado em minha vida, porque chegou a notícia de que uns tiras argentinos tinham vindo matá-lo no Brasil.

Até essa época você era bastante católico e místico, não?

Não era tão católico, não, mas era um cara muito mistificado, não só pela formação, mas também pelo grupo que orientava, sobretudo o Otávio de Faria. Eram todos caras de direita, muitos haviam aderido ao integralismo. Não sei como consegui me safar disso. Acho que foi meu lado de moleque de praia que reagiu na hora certa. Mas essa viagem com o Waldo Frank representou para mim, em um mês, uma virada. Saí um homem de direita e voltei um homem de esquerda. Foi o fato de ter visto a realidade brasileira, principalmente o Nordeste e o Norte, aquela miséria espantosa, os mocambos do Recife, as casas de habitação coletiva na Bahia, o sertão pernambucano, Manaus. A barra me pesou mesmo.

Essa virada se manifestou em sua obra?

Logo em seguida, porque aí eu já tivera também a experiência inglesa. No Brasil, pouca gente havia tido essa experiência com exceção de Gilberto Freyre, que também estudou em Oxford. Para mim, a leitura dos poetas ingleses foi muito importante, especialmente no sentido de certa simplificação e desmistificação e todo aquele arcabouço aristocrático, metafísico. Veio tudo por água abaixo.

E quando você começou a fazer música?

A música começou mesmo na década de 1950, quando voltei de meu primeiro posto diplomático no exterior, em Los Angeles. Agora, eu sempre fazia minhas músicas, antes, mesmo sozinho, mas sem nenhum intuito de editar ou ver cantar. Aos 15 anos tive uma experiência interessante: eu me liguei a uma dupla vocal que havia aqui, chamada Irmãos Tapajós, e comecei a compor com eles. Fizemos várias músicas, das quais duas tiveram muito sucesso. Uma era um foxtrote brasileiro, chamado “Loura ou morena” (que foi regravado há uns 10 anos), e a outra era uma “berceuse”, “Canção da amante”. Foi o primeiro dinheiro que ganhei em minha vida, produzido por essas músicas.

Quando você foi exonerado do Itamarati, em 1968, houve alguma alegação específica?

O Otto (Lara Resende) sabe de uma história muito engraçada que aconteceu: quando o decreto veio de Brasília, assinado pelo presidente Costa e Silva, o despacho dizia: “Ponha-se esse vagabundo para trabalhar”. Aí, dizem que o Magalhães Pinto botou a mão na cabeça e chamou o Otto imediatamente, comentando: “Ih, isso vai dar um barulho dos diabos. Escreve um arrazoado aí para mandarmos para Brasília”. O Otto escreveu e, por isso, o despacho não se tornou público. Mas a exoneração veio de qualquer maneira. O que para mim foi ótimo, porque eu já não aguentava mais aquilo, mas tinha um problema moral devido aos filhos, pois com 24 anos de carreira eu estava mais ou menos próximo da aposentadoria. Tinha certo medo de jogar aquilo tudo pra o alto. Mas quando me livraram desse problema moral, fiquei muito satisfeito.

Voltando à música: você teve parcerias históricas. Por que lá pelas tantas, a parceria acaba?

É como um casamento, sabe. É parecido. Acho que há um desgaste. Além disso, no tempo da bossa-nova, por exemplo, havia milhares de compositores fazendo música, e apenas uns poucos letristas. De maneira que eu não chegava para as encomendas: era o Tom, o Baden Powell, o Carlinhos Lyra. Depois, na geração 1963, pintaram o Edu Lobo, o Francis Hime. Tanto assim que eu sou um dos pouquíssimos compositores brasileiros que atravessou essas gerações todas. Eu fiz música com o Pixinguinha, o Ary Barroso, com o pessoal da geração do Antônio Maria, o Paulinho Soledade; depois peguei o Tom, o Baden, o Carlos Lyra, o Edu, o Francis e, em 1969, o Toquinho. E mesmo com caras mais jovens que o Toquinho eu já fiz música, como o Eduardo Souto Neto, o João Bosco.

Com quais parceiros você acha que houve mais criatividade?

Com o Tom, sobretudo, mas também como o Carlinhos Lyra e o Baden. O Baden tem uma produção muito boa, e foi ele quem me introduziu o elemento africano, o que não havia antes na bossa-nova — eram todos brancos, arianos.

O que você acha das críticas que o Tinhorâo faz à bossa-nova?

Aquilo é burrice total do Tinhorão. É o negócio dos guarda-costas do samba. Como existe também, aliás nos Estados Unidos, com relação ao jazz. Lá tem cara que acha que a música só é jazz se for tocada com aquelas cornetas dos confederados. Se não for, não é puro. E tem que ter também a tábua de lavar roupas (washboard) verdadeiras, para marcar o ritmo. É muito sectarismo. Embora seja um excelente pesquisador, o Tinhorão tem esse lado insuportável.


Vinicius de Moraes - foto: (...)
Você acha que a influência do jazz foi boa para a bossa-nova?
Acho que foi uma influência muito boa. No samba tradicional, os instrumentistas não improvisavam, em geral as harmonias eram rígidas, as formações eram standard. Com a influência do jazz, abriu tudo isso, você podia introduzir qualquer instrumento num conjunto de samba, os instrumentistas improvisavam, as harmonias melhoraram muito e se enriqueceram, os instrumentistas tornaram-se excelentes e conheciam profundamente seus instrumentos, como é o caso de Baden e Tom. A influência foi benéfica porque houve uma descaracterização de nossa música. O samba estava sempre presente na bossa-nova. Além disso, a bossa-nova trouxe mais alegria e bom humor à nossa música, que andava muito voltada para a tristeza, a dor de corno, a fossa, naquela época do Antônio Maria. Com a bossa-nova a coisa ficou mais sadia, mais otimista, os sentimentos eram mais de comunicação, mais legais.

Depois da bossa-nova, o que houve de mais importante na música popular brasileira, em sua opinião?

Da chamada geração de 1963, tivemos dois nomes importantes, que são o Francis Hime e o Edu Lobo, o primeiro mais urbano, o segundo pesquisando coisas de Pernambuco. Depois veio o Milton Nascimento, pesquisando a toada mineira. O que se perdeu foi aquela organicidade que havia no movimento da bossa-nova.

E os baianos, Caetano e Gil?

Os baianos já são outro esquema, um negócio mais próximo da geração dos Beatles. Eles quiseram misturar esse troço todo, fizeram o tropicalismo, rock e samba. Acho que os dois são compositores muito bons. Talvez eu goste mais das coisas iniciais deles, embora ache que até hoje continuam a fazer bons trabalhos.

E o Chico Buarque?

O Chico eu acho fora de série, realmente. Esse tem aquela estrela, um talento que não pode ter mais tamanho. E o Chico é bom de letra, é bom de música, sabe cantar. Tem tudo, o cara. São uns poucos casos isolados que existem na música brasileira — um Noel, um Caymmi, um Chico, que se distinguem muito.

O que você acha desse debate que tem havido atualmente nos meios artísticos brasileiros, com a cobrança de definições políticas por parte de artistas pelas chamadas patrulhas ideológicas?

São pequenas desavenças ideológicas para as quais eu não dou a menor importância. Acho uma burrice o artista ser engajado politicamente e fazer uma música ruim — isso não tem o menor valor. O que adianta você ser o maior comuna e fazer sambas ruins? Aí eu acho que seria preferível ser alienado e fazer música boa. Acho que o engajamento político o cara só deve ter quando aquilo é tão importante para ele que passa a ser sua própria razão de existir, ele não pode viver fora daquilo. É um compromisso que assume consigo mesmo e com a sociedade, e ponto. Eu tenho um envolvimento político bastante grande, mas nunca o expressei em minha poesia, exceto quando surgiu como uma coisa válida, como em “Operário em construção”, “Os barões da terra” e “Mensagem à poesia”. Mas são bons poemas. Eu fiz também muita coisa política que era uma merda e joguei fora.

Como foi seu encontro com Deus e depois seu desencontro, seu desencanto?

Bom, o encontro foi normal: família católica, colégio de padres, aquele negócio de confessar aos domingos, de comungar. Mas acho que a vocação para o pecado era maior. As confissões eram sempre as mesmas: “Bati três esta semana, bati quatro”. Os castigos também eram os mesmos, de modo que aquilo acabou me cansando, me aporrinhando. Mas eu me meti a católico porque toda aquela fase de direita era muito ligada ao problema de Deus, principalmente por causa da influência do Otávio de Faria. Ele era aquele cristão dramático, lia muito Pascal, Claudel, os filósofos sofredores, me deu os primeiros livros para ler. Até hoje eu tenho uma grande admiração e estima por ele, embora as divergências ocorridas fossem graves demais para permitir que mantivéssemos um relacionamento estável. Mas gosto muito dele, quero um grande bem a ele. Depois a vida foi em frente, me liguei muito ao Bandeira, Dru­mmond, Pedro Nava e outros, que tinham uma consciência cristã, mas não levavam aquilo como um cartaz na testa. Alguns eram francamente agnósticos. De toda essa mistura nasceu um desencanto, um desinteresse que acabou sendo total. Eu não acreditava mais.

Hoje você não tem mais qualquer preocupação com o problema de Deus ou de religião?

Num plano assim de vida, não. Restou talvez certa religiosidade, própria de meu temperamento. Por exemplo, eu me interesso por candomblé, certas superstições. Isso é sinal de que tem algum fogo na cinza. Mas aqui, na cuca, não tenho mais grandes indagações. Ao mesmo tempo, me recuso a elas um pouco. Não me interesso mais por coisas que não sei explicar.

Você andou muito metido com candomblé na Bahia. Você acredita mesmo nisso?

Eu prefiro acreditar do que não acreditar, mas realmente não acredito. Quando penso de modo puramente cerebral, não acredito. Deixei também de fazer aquele gênero de indagações, olhar para o céu e perguntar: “Onde está Deus? Afinal alguém fez esta merda toda, não foi?” Mas jamais vou ter respostas a essas perguntas, a não ser talvez depois da morte. Mas também não sei o que há do outro lado, de modo que não penso mais nessas coisas. Além disso, à medida que fui perdendo a religiosidade e o misticismo, o ser humano cresceu muito em mim, tomou conta de tudo. O que me interessa hoje é gente.

E a morte?

Bem, a morte sempre me preocupou, e ainda me preocupa. Mas hoje, de uma maneira muito mais simples, como uma espécie de saudade da vida, uma pena de deixar isso aqui com todas as cagadas e confusões, porque sempre vivi dentro de uma grande plenitude. Sobretudo por causa das mulheres: tenho muita pena de deixá-las. Sei que a velhice pode ser uma coisa legal, mas não gosto da ideia de envelhecer porque perderia tudo o que as mulheres ainda podem me dar.

Você nunca conseguiu, ou quis, viver sozinho, não?

Não. Eu aceito a solidão bem, mas não por muito tempo. Realmente, para mim, a mulher é um ser indispensável. Não posso viver sem mulher. Houve uma época de minha vida que achei que esse negócio havia terminado, que as coisas não estavam dando certo, que talvez fosse melhor eu me isolar e parar de brincar com esse bicho tão perigoso. Mas não deu. Não deu mesmo. Eu sou um namorador inveterado.

Você vê muita diferença entre o Vinícius dos 18 anos e o Vinícius de hoje?

Não vejo muita diferença entre os meus sonhos de ontem e de hoje, entre certa parte lúdica que sempre tive, sempre em fermentação. Acho que hoje eu sonho mais do que sonhava antigamente. Quer dizer, a viagem é permanente, não é uma coisa de um dia ou um momento, com paradas e fases de descrença. Não sou de ter fases de descrença.

Você está satisfeito consigo mesmo?

Bem, eu gostaria de mudar algumas coisas de mim, mas de um modo geral não sou um sujeito de jogar fora. Tenho uma estima por mim bastante grande, sabe. Uma estima que vem da constatação das coisas que fiz, das pessoas que eu amei, dos amigos que tive e tenho. Considero tudo conquistas consideráveis, no cômputo geral. Às vezes tenho a imodéstia de dizer a mim mesmo: “Você vale a pena”. Isso sem nenhum sentimento de vaidade. Não tenho qualquer preocupação com a glória literária. Se tivesse essa preocupação, eu trataria muito melhor das minhas coisas. A publicação de antologia dos meus poemas pela Aguilar (editora) foi um dos partos mais difíceis e demorados que já houve, tudo por despreocupação minha. Hoje em dia tenho uma preguiça enorme de trabalhar, escrever.

Você se tornou mais exigente?

Muitíssimo mais exigente. Hoje eu leio muito pouco, porque a maioria das coisas publicadas me parece ruim. Atualmente, quando encontro um escritor que me interessa, para mim é uma festa. Mas, em geral, mal consigo passar das primeiras quatro ou cinco páginas.

Qual era a visão que você tinha do Brasil quando começou a fazer poesia?

Eu achava o Brasil um país ideal, realmente, e essa visão durou até lá pelos meus 40 anos. O primeiro choque que o Brasil me provocou foi quando voltei dos Estados Unidos, em 1951, e vi aqueles bares americanos que começavam a proliferar, o bar vermelhinho desaparecendo, as pessoas comendo em pé nas lanchonetes, a penetração do estilo de vida americano.

E hoje, como você vê o Brasil?

Eu digo sempre uma coisa: tenho uma grande fé no Brasil. Uma fé meio estúpida, meio instintiva, por causa do povo. Realmente, a minha fé no Brasil não vem das instituições, nada disso. Pelo contrário, acho que elas têm sido extremamente negativas para o país. Agora, eu acredito neste povo. E cada vez que eu volto ao Brasil, de alguma viagem ao exterior, essa crença aumenta, compreende. E como essa crença é um bem gratuito, eu prefiro tê-la a não tê-la.

Que tipo de sociedade você gostaria que houvesse no Brasil?

Acho que uma volta a uma democracia relativa já seria muito bom! O povo ter liberdade — isso me parece fundamental. Quer dizer, ver as pessoas felizes, contentes, com as caras alegres, sem angústia. E, sobretudo, haver a realização, ou pelo menos um arremedo de realização, de uma organização social mais justa, com uma melhor distribuição da riqueza, uma reforma agrária legal. Isso eu gostaria de ver: os problemas sociais mais graves resolvidos ou, no mínimo, colocados num bom caminho. Isso já me daria um pouco de paz, de calma, de uma tranquilidade bastante maior do que aquela que eu tenho hoje. Eu não consigo me destacar do problema humano.

Já falamos de seus casamentos com parceiros musicais. E com os seus casamentos de verdade, quantos foram?

Estou agora no meu nono casamento.

Há quanto tempo?

Há três meses. A Gilda vivia na Europa, era estudante lá. É uma moça ótima, maravilhosa. Eu tinha saído de um casamento também muito bom, muito feliz, com aquela moça argentina, a Martinha. Mas ela estudava na Argentina, o que nos obrigava a viver numa verdadeira ponte aérea. Não deu para continuar.

Você diria que suas mulheres influenciaram sua obra?

Bom, todas foram premiadas, né. Todas ganharam poemas, canções, uma coisa ou outra.

Houve alguma que tivesse exercido uma influência maior sobre o nível de seu trabalho?

Nesse sentido, acho que a influência maior foi a Tati, minha primeira mulher. Quando me casei com ela, eu estava começando a me desgrudar de minhas influências direitistas. Havia ainda muita confusão mental em mim, muita influência da minha formação, muito colégio. E a Tati já era uma pessoa bastante progressista. Mas, no começo, ainda quebrávamos um pau firme em discussões políticas. Depois, o relacionamento melhorou em todos os sentidos, inclusive no político, porque houve também aquela minha viagem pelo Brasil.

Seu casamento mais longo durou quanto tempo?

Onze anos. Foi exatamente esse, o primeiro, com a Tati.

E o mais curto?

O mais curto durou um ano.

Você mantém boas relações de amizade com as ex-mulheres, ou é do gênero que rompe relações?

Com a maioria, mantenho boas relações; mas não com todas. O relacionamento foi pior com as que engrossaram durante a separação, especialmente com duas que engrossaram mesmo, para valer.

Com sua experiência, o que acha mais fácil: conquistar e casar-se com uma mulher, ou separar dela?

O difícil é separar. Casar é facílimo. Separar é sempre uma experiência dolorosa, porque são duas pessoas que vivem juntas, amam juntas, têm aquele contato diário. Isso tudo forma uma espécie de hábito, uma coisa que não é mecânica — quando existe amor, é claro. E, se há amor, é sempre muito dolorosa a separação.

Como foi sua iniciação sexual? Poética, traumática, normal?

Foi o normal de menino da minha idade, de seus 13 anos. Foi na rua Rio de Janeiro, em Belo Horizonte. Tudo providenciado por um tio meu. Foi com uma putinha, né, uma menina de 14 anos ou 15.

E correspondeu às suas expectativas?

Ah, correspondeu plenamente. Foi uma experiência muito boa. Depois o filho da puta inventou que eu tinha deixado a menina grávida. Eu tinha aquela ingenuidade de garoto e acreditei piamente; fiquei apavorado. Ele era um homem de muito mais idade, andava com um grupo de boêmios, era um seresteiro. E me dizia que eu ia ser obrigado a me casar.

E como foi aquela história de um amor fulminante que nasceu numa sala de museu, entre você e uma jovem loura que se viam pela primeira vez?

Era uma exposição de Portinari. A menina era muito interessante, uma graça. Eu dava uma olhada num Portinari e outra nela. E ela também. Eu sei que viemos de lados opostos e, quando a gente se encontrou, foi até um troço emocionante. Eu falei assim: “Eu te amo sabe?” Ela começou a chorar. Aí, pronto. Ela estava noiva, mas acabamos tendo um romance que durou um ano mais ou menos.

Quais os principais planos para o futuro?

Meu plano principal, no memento, é fazer essa moça feliz, a Gilda. Quero aprimorar esse relacionamento conjugal até ele se tornar uma coisa muito sólida. Para mim, seria um terrível desgaste ter de me separar novamente e procurar outra mulher. Inclusive estou chegando a uma idade em que isso fica cada vez mais difícil. Então, gostaria que a Gilda fosse realmente a última. E quando falo última, falo: “Que ela fosse a primeira”. A Gilda tem as qualidades para isso. Naturalmente, vai chegar um dia em que teremos de nos separar por problemas de idade. Mas quanto a esse problema, não posso fazer nada. É um problema da vida, sou mito mais velho que ela, uma moça bastante jovem. Mas como sou um sujeito muito dialético, procuro resolver os problemas na hora. Não penso muito neles antes que pintem.


Vinicius de Moraes - foto: (...)
Além desse plano principal, você tem outros?
Bem, estou um pouco saturado de shows, excursões, música. Vou terminar esses dois livros de poesia e procurar viver minha vida dentro de uma felicidade possível. Se você me perguntar se sou um homem feliz, eu vou dizer que não sou. Não sou porque não sei ser feliz dentro de uma sociedade tão injusta como a nossa. Esse é um problema que me afeta diretamente, me afeta não só como homem de esquerda, mas também como homem, simplesmente, como um ser humano. Então, esse ônus eu vou carregar pelo resto de minha vida, não há saída, porque não tenho a menor esperança de ver as coisas se normalizarem e se equilibrarem ainda no meu tempo.
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Entrevista publicada originalmente no livro "As Entrevistas de Ele Ela", editora Bloch.



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Georgina de Albuquerque - o impressionismo e suas derivações

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Retrato de Georgina de Albuquerque, por Lucílio de Albuquerque
(1907) - [Acervo da Pinacoteca do Estado, São Paulo]
(...) Sinto que nasci pintora e que para essa minha paixão estética muito concorreram as impressões da paisagem brasileira. Lidima brasileira, nascida no interior da antiga província de São Paulo, tive minha infância rodeada pelas cenas pitorescas do viver brasileiro de então. Ainda encontrei quase virgem a feracidade da terra paulista, em meu município. Nem as estradas de ferro nem as rodovias que a cortam hoje existiam. Esses elementos, componentes da paisagem, não impressionaram a minha primeira infância. Em compensação, o sol era o mesmo, a alegria da terra moça e florida, era a mesma, o viver simples e campesino do povo talvez fosse, seguramente era, mais sincero, mais exato, mais nosso. Mesmo em casa, sem sair da minha Taubaté, menina bem pequena, eu já ensaiava os meus riscos. Gizava, debuxava desenhos intonsos, fazia figuras. Minha mãe, que era um espírito muito inteligente e muito lúcido, cedo compreendeu o meu pendor pela pintura e, na proporção que as circunstâncias permitiam, tudo facilitava para seu desenvolvimento e perfeição. Era ainda uma crença quando surgiu por ali, procurando no seio carinhoso da terra moça refúgio a acharques que lhe combaliam a saúde, um pintor italiano, Rosalino Santoro. Guardo impressão amável desse primeiro desbravador da minha tendência pictórica. (...) Minha mãe começou a solicitar-lhe as lições que me desejava proporcionar. Santoro resistia. Mas, em virtude da própria moléstia, Santoro necessitava de um ambiente de família e foi em nossa casa que passou horas melhores, recebendo o trato, respeitoso e carinhoso, que é tradicional na família brasileira. (...) Santoro, quando percebeu, estava meu mestre, o primeiro que tive em pintura. Mais tarde, assisti à uma exposição de Parreiras, em São Paulo. Senti um deslumbramento e não me foi mais possível deixar de vir ao Rio, onde a Escola de Belas Artes me fascinava. Vim. Fiz o primeiro ano. Fui aluna de Henrique Bernardelli. Conheci Lucilio (...) Casamo-nos. Partimos pobremente, apenas com a bagagem de dois estudantes, para a Europa, onde vivi cinco anos. Em Paris os meus principais mestres foram Gervais, na École des Beaux-Arts, e Royer, no Curso Julien. Depois trabalhei por conta própria. Frequentei museus e procurei pintar, pintar muito, a todas as horas, a todos os instantes do dia. Nem mesmo quando os meus dois filhos, Dante e Flamingo, eram pequenos, deixei um só dia de trabalhar. É o que faço sempre, constantemente, a todos os momentos."
- Georgina de Albuquerque, in: COSTA, Angyone. A Inquietação das abelhas. Rio de Janeiro : Pimenta de Mello & Cia. , 1927, p. 90-91.
  
Retrato de Georgina de Albuquerque, 
por Lcílio de Albuquerque, (1920)
[Acervo Museu do Ingá, MHAERJ, Niterói].
BIOGRAFIA
Georgina de Moura Andrade Albuquerque, nasceu em Taubaté, aos 4 de fevereiro do ano de 1885 e faleceu no dia 29 de agosto no de 1962, no Rio de Janeiro. Foi uma das principais mulheres brasileiras a conseguir firmar-se como artista no começo do século XX. Pintora e professora, aos 15 anos, inicia sua formação na cidade de Taubaté (1900) com o pintor italiano Rosalbino Santoro que morava em sua casa. Muda-se para o Rio de Janeiro, em 1904, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes- Enba -, do Rio de Janeiro – RJ, onde é aluna de Henrique Bernardelli (1858-1936). Em 1906, casa-se com o pintor Lucílio de Albuquerque (1877-1939) que acabara de receber o prêmio de viagem ao exterior, e viaja para a França, onde completa sua formação na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Escola Nacional Superior de Belas Artes) tendo como professores Paul Gervaix, Guetin, Miller e Decheneau. No mesmo período estuda na Académie Julian, onde é aluna de Henri Royer Em 1927, leciona desenho na Enba, ocupando mais tarde o cargo de diretora. Em 1935, assume a chefia do curso de arte decorativa da Universidade do Distrito Federal. Em suas pinturas, a artista tem como parâmetro o impressionismo e suas derivações. Elas apresentam uma paleta de cores luminosas, empregada com sensibilidade. Os temas mais constantes de Albuquerque são o
nu, o retrato e a paisagem. Em Raio de Sol (s.d.) ou Dia de Verão (ca. 1920), com amplas pinceladas, ela explora as incidências luminosas e a vibração cromática. A partir de 1920, passa a trabalhar com uma paleta mais sóbria e a realizar pinturas com temas da vida popular, como Duas Roceiras (s.d.) ou No Cafezal (ca.1930), entre outras. Em 1943, Georgina de Albuquerque funda, no Rio de Janeiro, o Museu Lucílio de Albuquerque, onde, anos depois, institui um curso pioneiro de desenho e pintura para crianças.

CRONOLOGIA
Georgina de Albuquerque (...)
Nascimento/Morte
1885 - Taubaté SP - 4 de fevereiro
1962 - Rio de Janeiro RJ - 29 de agosto

Vida Familiar
1906 - Casa-se com o pintor Lucílio de Albuquerque (1877 - 1939)

Pintora, professora
1900 - É aluna do pintor italiano Rosalbino Santoro (1858 - s.d.), que mora em sua casa
1904 - Muda-se para o Rio de Janeiro e matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, é aluna de Henrique Bernardelli (1858 - 1936)
1906/1911 - Viaja para Paris. Estuda na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes], é aluna de Paul Gervaix, Guetin, Miller e Decheneau e na Académie Julian, onde é aluna de Henri Royer
1927/1948 - Professora de desenho da Enba
1935 - Professora e chefe de seção do curso de artesdecorativas do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro
1940 - Funda o Museu Lucílio de Albuquerque, no Rio de Janeiro
1952/1954 - É diretora da Enba
  
"(...) D. Georgina é uma pintora de cores claras, segurança de desenho e boa técnica de feitura. Comparada com o marido, Lucílio se nos apresenta como um pintor de maior inspiração, mas menos feliz na técnica. (...) Em compensação falta a esta muito de inspiração interior e, na pesquisa de efeitos de sol, tem dado à carnação de alguns dos seus nus femininos uma coloração evidentemente falsa, de leite, rosa e gelatina. Alguns quadros desse gênero dão a impressão de que uma luz colocada atrás da figura principal encheria de reflexos o primeiro plano da tela. Perdoe-nos, D. Georgina. Mas desejaríamos vê-la preocupar-se menos com os efeitos de luz sobre as formas femininas e empregar o seu magnífico talento em composições de mais responsabilidade, que não constituam variações do eterno tema da moça deitada, casta e ingênua, ao sol. Há de confessar que o seu talento pode produzir muito mais. Tais pequenos senões em nada diminuem os merecimentos da artista, que é uma organização exuberante de talento, capaz de muito fazer pelas artes brasileiras. Tem sensibilidade, calor e vocação, e atira-se a resolver as dificuldades de sua arte com o entusiasmo de crença. Quem assim confia em suas forças muito poderá fazer pelas artes".
- Angyone Costa, in: A Inquietação das abelhas. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia. , 1927, p. 18.

Georgina de Albuquerque
EXPOSIÇÕES
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1914 - São Paulo SP – Individual;
1914 - Rio de Janeiro RJ – Individual.

EXPOSIÇÕES COLETIVAS
1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção de 1º grau;
1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios;
Georgina de Albuquerque (c.1917) - fonte: Revista do
Brasil, São Paulo, ano II, nº 22, out.1917, p. 177.
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de prata;
1912 - São Paulo SP - Segunda Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios;
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - grande medalha de prata;
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1918 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro;
1919 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro;
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1921 - Rio de Janeiro RJ - 28ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1922 - Rio de Janeiro RJ - 29ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1923 - Rio de Janeiro RJ - 30ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1924 - Nova York (Estados Unidos) - National Association of Women Painters and Sculptures;
1924 - Rio de Janeiro RJ - 31ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1925 - Los Angeles (Estados Unidos) - First Pan-American Exhibition of Oil Painting;
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1926 - Austin (Estados Unidos) - Art Department State Fair of Texas;
1926 - Rio de Janeiro RJ - 33ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas;
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, Nicholas Roerich Museum;
1930 - Rio de Janeiro RJ - 37ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1933 - Rio de Janeiro RJ - 40ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba;
1934 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Belas Artes;
1937 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Belas Artes;
1940 - São Paulo SP - Exposição Retrospectiva: obras dos grandes mestres da pintura e seus discípulos;
1940 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Belas Artes, no Salão de Arte Almeida Júnior da Prefeitura Municipal de São Paulo;
1941 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Belas Artes - medalha de prata e 1º Prêmio Fernando Costa;
1942 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1943 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1944 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição de Auto-Retratos, no MNBA;
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA;
1944 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1945 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1947 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de ouro e 1º Prêmio Governador do Estado;
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850 - 1950, no MNBA;
1951 - São Paulo SP - 16º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia;
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais;
1956 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Ferroviário;
1957 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte, no MNBA;
1958 - Rio de Janeiro RJ - Salão de Arte A Mãe e a Criança;
1960 - São Paulo SP - Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no País, no MAM/SP.


EXPOSIÇÕES PÓSTUMAS
1977 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Lucílio e Georgina de Albuquerque (em comemoração ao centenário de nascimento de Lucílio de Albuquerque), no MNBA;
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes;
Georgina de Albuquerque no seu Atelie
1981 - Rio de Janeiro RJ - Universo do Carnaval: imagens e reflexões, na Acervo Galeria de Arte;
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal;
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ;
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp;
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado;
1988 - São Paulo SP - Brasiliana: o homem e a terra, na Pinacoteca do Estado;
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor;
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal;
1998 - São Paulo SP - Iconografia Paulistana em Coleções Particulares, no Museu da Casa Brasileira;
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes-RJ, no MARGS;
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural
2000 - São Paulo SP - O Café, no Banco Real;
2001 - Rio de Janeiro RJ - Aquarela Brasileira, no Centro Cultural Light;
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty;
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos;
2004 - São Paulo SP - Mulheres Pintoras, na Pinacoteca do Estado;
2004 - São Paulo SP - O Preço da Sedução: do espartilho ao silicone, no Itaú Cultural.

Georgina de Albuquerque e Lucílio de Albuquerque
“Georgina foi capaz de combinar trunfos diversos como os de uma sólida formação artística; uma determinação incomum que se evidencia na persistência com que expunha nos salões; 40 a imagem de mulher competente nos moldes republicanos, o que incluía uma formação intelectual e mesmo profissional que não obliterasse as atividades de mãe e esposa, às quais se dedicou infatigavelmente e, finalmente, o apoio do marido, também pintor, Lucílio de Albuquerque, cujo companheirismo proporcionou-lhe o conforto interno necessário para que ousasse ultrapassar as barreiras erguidas para as mulheres de sua geração. Sua auto-afirmação como pintora de temática histórica se deu no ano em que o sistema acadêmico sofreu as mais demolidoras críticas. É curioso notar que, pouco antes de Anita Malfatti e de Tarsila do Amaral se consagrarem como artistas exemplares do modernismo, justamente o estilo que se insurgia contra o academismo, era uma outra mulher que, navegando por outras correntes estéticas, afirmava-se, publicamente, como artista e profissional.’’
- Ana Paula Cavalcanti Simione, in: Entre convenções e discretas ousadias: Georgina de Albuquerque e a pintura histórica feminina no Brasil, RBCS Vol. 17, nº 50, 2002.

Georgina de Albuquerque

FORTUNA CRÍTICA DE GEORGINA DE ALBUQUERQUE
ACQUARONE, Francisco; VIEIRA, Adão de Queiroz. Primores da pintura no Brasil. [Rio de Janeiro]: [s.n.], 1942. [315] p., il. color. 2v.
ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 1008 p., il. color. 2v.
CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. 292 p., il. p&b. color.
CAMPOS, Beatriz Pinheiro de. A crítica de arte de Quirino Campofiorito: entre a decadência da disciplina neoclássica e o abstracionismo formal. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH, São Paulo, julho 2011. Disponível no link. (acessado em 1.6.2013).
CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir (Org.). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. (Dicionários especializados, 5). Brasília: MEC/INL, 1973-1980.
COSTA, Angyone. A Inquietação das abelhas. Rio de Janeiro: Pimenta de Mello & Cia., 1927.
COÊLHO, Pollyanna Jericó Pinto. Tear identitário: A Prática Docente em Arte como conhecimento compartilhado. (Tese Doutorado em Educação). Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, UFRN, 2008. Disponível no link. (acessado em 1.6.2013).
FARIA, Karla Cristina de Araújo. A semântica discursiva na crítica de arte dos salões nacionais. Linguagem em (Re)vista, Ano 2, N° 2. Niterói, jan./jun.2005. Disponível no link. (acessado 1.6.2013).
GULLAR, Ferreira e outros. 150 anos de pintura brasileira 1820/1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. 555 p., il. p&b., color.
LUCÍLIO e Georgina de Albuquerque. Rio de Janeiro: MNBA, 1977.
MONTEIRO, Claudia Eugênia de Mello e Alvim Jacy. A construção discursiva na arte e na crítica de arte: o caso Georgina de Albuquerque. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal Fluminense, UFF, 2004.
Georgina de Albuquerque, por Alvarus
PEDRÃO, Maria Augusta Ribeiro. Georgina de Albuquerque e Anita Malfatti: mulheres e artistas. Disponível no link. (acessado em 1.6.2013).
PEDRÃO, Maria Augusta Ribeiro; MOLINA, na Heloisa. Georgina de Albuquerque e Anita Malfatti: representações sobre a mulher na primeira republica. In: II Encontro Nacional de Estudos da Imagem, 2009, Londrina. Anais II Encontro Nacional de Estudos da Imagem. Londrina: Eduel, 2009. p. 712-722.
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SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Profissão Artista: pintoras e escultoras brasileiras entre 1884 e 1922. (Tese Doutorado em Sociologia). Universidade de São Paulo, USP, 2994.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Profissão Artista: Pintoras e Escultoras Brasileiras, 1884-1922. 1ª ed. São Paulo: EDUSP/ FAPESP, 2008. v. 1. 336p.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Sessão do Conselho de Estado, de Georgina de Albuquerque. Nossa História, São Paulo, v. 5, p. 22-25, 2004.
SOUZA, Adelaide Cerqueira Lima de. O Luz, Conflito e Harmonização na pintura de Georgina de Albuquerque: obras de 1926 / 1954. (Dissertação Mestrado em Artes Visuais). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2011.
TARASANTCHI, Ruth Sprung. Pintores Paisagistas: São Paulo 1890 a 1920. São Paulo: Edusp: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002. 391 p., il. color.


Governador Edmundo de Macedo Soares|na solenidade de reabertura
do Museu Antônio Parreiras, Oswaldo Teixeira assinando e
Georgina de Albuquerque rindo. v.,  em 31.03.1950
[foto: Manoel da Paixão Coutinho da Fonseca]



Georgina de Albuquerque (Documentário Mulheres Luminosas)

DOCUMENTÁRIO
Título: Mulheres Luminosas
Documentário. Através da vida e da obra de quatro precursoras artistas brasileiras do sexo feminino, reflete sobre a posição da mulher artista na virada do século XIX para o XX e sobre as transformações ocorridas até os dias de hoje. A maestrina Chiquinha Gonzaga, a escultora Nicolina Vaz de Assis, a pintora Georgina de Albuquerque e a poetisa Gilka Machado, são exemplos de mulheres que encararam a sociedade preconceituosa da época em que viveram, em busca de um espaço profissional nas artes. Criaram, produziram, se tornaram reconhecidas e abriram os caminhos para as seguintes gerações de mulheres artistas e para a posição da mulher na sociedade em geral.Ano: 2013
Duração: 33 min.
Ficha Técnica
Direção e Roteiro - Pedro Pontes
Consultoria Artística - Helio Eichbauer
Produção - Mana Pontez
AssiStente de Direção - Pedro Farina
Fotografia - Guilherme Francisco, Pedro Farina, Zhai Sichen
Edição e Finalização - Antonio Porto
Som Direto, Edição de Som e Mixagem - Bernardo Adeodato
Figurino - Célia de Oliveira
Elenco
:: Antonio Guerra
:: Dedé Veloso
:: Helio Eichbauer
:: Mariana de Moraes
:: Maria Amélia da Fonseca
:: Stella Miranda
Depoimentos
:: Ana Paula Simioni
:: Bete Floris
:: Clara Sverner
:: Edinha Diniz
:: João Lúcio de Albuquerque
:: Luis Carlos de Albuquerque
:: Maria Beatriz de Albuquerque
:: Maria Lucia de Albuquerque
:: Maria de Lourdes Eleutério
:: Ruth Sprung
Realização: MAB - Multi Arte Brasil
Site Oficial: MAB 
** Documentário disponível no link. (acessado em 22.5.2014)


"(...) Sua arte é uma renovação constante de maneiras, motivos e coloridos (...) Quanto aos assuntos, não se pode dizer que haja uma preferência marcante. A paisagem, a figura, a natureza-morta, a marinha, o retrato e as composições são por ela abordadas com entusiasmo, transparecendo em todas as mais variadas facetas de seu talento".
- Regina Liberalli Laemmert, in: Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.


OBRA SELECIONADA
Canto do Rio, de Georgina de Albuquerque (1926)
[Acervo Museu Antônio Parreiras]

No Cafezal, de Georgina de Albuquerque (1951)
[ Pinacoteca de São Paulo]

Sessão do Conselho de Estado que Decidiu a Independência, 
de Georgina de Albuquerque (1922)
[Museu Histórico Nacional - Rio de Janeiro]

A Charrete, de Georgina de Albuquerque (1962)
 [Museu Nacional de Belas Artes - MNBA/RJ]

Crianças, de Georgina de Albuquerque
[Coleção José Oswaldo - São Paulo]

Moças, de Georgina de Albuquerque

Guaratinguetá , de Georgina de Albuquerque (s/data)

Roceira, de Georgina de Albuquerque (1930)
 [Museu Nacional de Belas Artes - MNBA/RJ]

Procissão Marítima em São João da Barra ,
de Georgina de Albuquerque(s/data)

Paisagem, de Georgina de Albuquerque

Paisagem, de Georgina de Albuquerque
[Coleção José Oswaldo - São Paulo]

Paisagem do Rio de Janeiro, de Georgina de Albuquerque

Paisagem, Georgina de Albuquerque
[Pinacoteca do Estado de São Paulo].

Flores, Georgina de Albuquerque

Paisagem, Georgina de Albuquerque

Flores, de Georgina de Albuquerque

Árvore de Natal, de Georgina de Albuquerque

Meninas, de Georgina de Albuquerque


Maternidade, de Georgina de Albuquerque (c.1930)
[Acervo Museu D. João VI EBA/UFRJ, Rio de Janeiro]

Feira da Glória , Georgina de Albuquerque (1950)

Brincadeira de Criança, de Georgina de Albuquerque (c. 1950)

Arara, de Georgina de Albuquerque 
[Acervo Museu Antônio Parreiras]

Cena Familiar, de Georgina de Albuquerque (déc. 30)

Colhedor de frutas, de Georgina de Albuquerque

Figura feminina, de Georgina de Albuquerque


 Dia de Verão, de Georgina de Albuquerque
(
ca. 1920)  - [MNBA/RJ]

Lição de Piano, de Georgina de Albuquerque (1928)
[Pinacoteca do Estado de São Paulo].

Flores, de Georgina de Albuquerque

(...), de Georgina de Albuquerque

Pensativa, de Georgina de Albuquerque (s/data).

Dama, de Georgina de Albuquerque (1906)
[Pinacoteca do Estado de São Paulo]

Manhã de Sol, de Georgina de Albuquerque (c.1920)

Paisagem, Georgina de Albuquerque

FONTES E OUTRAS REFERÊNCIAS DE PESQUISA
Enciclopédia Artes Visuais/Itaú Cultural


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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Georgina de Albuquerque - o impressionismo e suas derivações. Templo Cultural Delfos, junho/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Página atualizada em 24.6.2013.



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